quinta-feira, 13 de outubro de 2011

POESIA EM ORDEM ALFABÉTICA

Á caminho!


Não tenho mais a primavera dentro de mim,
O outono foi chegando e me deixando assim,
Como as folha varridas daquele ipê lilás,
Esparramadas ao chão como num tanto faz!

Mas como sou pássaro de temporada,
Buscarei para mim outra morada,
Chorar pra que? A vida é assim,
Uma busca constante e sem fim!

Um dia, por certo, encontro novo verão,
Mesmo que apenas em meu coração,
Não dizem que a fé é a ultima que morre,
E quem a tem é em deus que se socorre!

Pois então! Estou á caminho do verão,
E nem me importo qual seja essa estação,
Estou certo que será maravilha,
Mesmo que ao final seja só uma ilha!



Santaroza







A forja!

 

 

Ah! Se pudesse me afastar da fornalha,

Onde o suor me molha,
E o ferro se malha,
E o vento me olha!

A brasa é incandescente,
O calor ondulante,
O malho estridente,
E a dor é constante!

A água resfria,
O ferro que chia,
O martelo é meu guia,
E a espada se cria!

Ah! Se pudesse... Mas sou artesão,
Sou como o carvão,
Rubro de coração,
Tenho a arte na mão!



Santaroza







A serra!

 

 

 

Nesse momento range a serra que serra a mata,

É uma após a outra, arvores tombadas em cascata,
Elas não sangram, não gemem, não choram, rolam,
Mas é um massacre sangrento e  eles as degolam.
Pronto, esta feito, a arvore virou madeira,
Em breve neste chão só haverá poeira,
Depois é claro que passar a queimada,
Que lambe a terra e não deixa nada.
Ai mais tarde, vem o fazendeiro,
Grande arauto e mensageiro,
-A terra é feita pra plantar, capim ou mantimento,
mato é desperdício, é boiolice, deslumbramento.
Não tenho medo das serras nem  dos idiotas de plantão,
Meu medo é que pela burrice o mundo se torne um carvão,
Azul tinto de negro, ponto escuro no universo,
Rima sem compostura que não cabe no meu verso!


Santaroza










Acho!



Atrozes são as dores que sinto,
Dores de parto,
Misto de lagrimas e riso,
Mistura de incerteza e paixão,
Acho que já seja amor!


Santaroza





















Água fria!
(em homenagem á aquela mulher)



Em pleno sol de meio-dia, haviam roupas no varal.
Roupas alvas, puídas, ainda rotas, mas lavadas.
Tremulavam ao vento passante como bandeiras.
Enquanto lavava a mulher cantava pra não chorar.
Pés descalços, água fria do riacho que corria e ria.
Na água seu reflexo aparecia mas o sol a retorcia.
No varal haviam roupas brancas lavadas na pedra negra.
A espuma fazia bolas que em prece iam ao céu redondas.
Enquanto lavava a mulher suava, e o rio ria e a lavava.
Ela não sabia, mas era “seu dia”! mesmo assim a água era fria, o rio ria, a roupa era rota, e  ela sofria!



Santaroza














Ah!é!



Nuvens de poeira...
Falas passageiras...
Sussurros ao vento...
Manso lento...

Mãos que se entrelaçam...
Braços que se laçam...
Olhos que se olham...
Bocas que se molham...

Gestos indefinidos...
Desejos consumidos...
Coração acelerado...
Pensamento alado...

Ah! Isso é amor...
Um doer sem dor...
Num jeito de nós...
Simplesmente a sós!


Santaroza







Amor é assim!



Antes de tudo, depois nada,
E já é quase madrugada,

Tempo fechado, vai chover

E quem é quer saber...
A lua e eu somos irmãos,
Ela no céu e eu no chão,
Eu a vejo da vidraça,
Ela me espera na praça...
Tenho uma rosa entre os dentes,
Paixão, sei lá, beijo ardente,
Tremenda decepção,
E então, pra que então...
Mas o amor é desse jeito,
É chave de qualquer peito,
Abre a porta, entra e mora,
Mas às vezes não demora...
É reta que vira curva,
Ai a visão se turva,
E esse poeta chora,
Chove aqui dentro e lá fora!


Santaroza






Andarilho!

 

 

Na tentativa de acertar eu errei

Tentando rezar eu pequei
Foram muitos os descaminhos
Por demais os espinhos
Portas  abriram e fecharam
Sonhos vieram e passaram
Pintei quadro fiz poesia
Fiz pose na fotografia
Perdi minha essência
Eu só tinha aparência
Eu era quem crucificava
E pensava que mandava
A terra não é redonda á toa
Só quem tem assas voa
O mundo virou e eu perdi
Foi ai que me feri
Hoje sou andarilho
Vivo por ai maltrapilho
Andando de palma em palma
Hoje só me restou a alma!



Santaroza






Ao menos para mim!



Na gôndola que levam meus dias depositei todas as esperanças de encontrar a felicidade. Descobri porem, que nem sempre os mares são mansos, por muitas vezes encontrei tempestades das quais achei que nunca mais ia sair.
Engraçado é que todo dia eu acordava num novo dia, independente da noite entre eles e quando isso acontecia, os mares revoltos iam ficando para traz e calmaria voltava e novamente eu acreditava estar no rumo certo. Entendi então que ser feliz esta em encontrar prazer dentro das minúcias do dia a dia, não há um dia pleno de felicidade e nem há uma noite repleta de temores, o que há são frações de tempo que se alternam entre bom e ruim e o que acaba prevalecendo sempre é a felicidade, independente da quantidade de dias felizes ou tristes.



Santaroza










Carta!


Cheguei ontem no galeão da tarde, em praias serenas de areias finas, de flores vermelhas, de sombras frondosas, de ar perfumado, de águas douradas que matam a sede.
Cheguei, e já embebido de saudades de teus beijos doces, da pele macia, da voz de veludo, da risada em festa, do corpo ao sol, do cheiro de amante, do abraço de teus braços; temo que parta antes do combinado e retorne para teu colo ou te traga para meu reino por definitivo!


Santaroza



















Chama!



Tomado pelo sentimento que me invade agora,
Sem me importar se é tarde o se chove lá fora,
Guiado apenas por meu coração que te clama,
Partirei para teus braços com minh’alma em chamas!
Sedento que me encontro dos carinhos teus,
Afogado que me acho nesses desejos meus,
Voarei a teu encontro como se fora gaivota,
Seguindo o perfume teu, que me indica a rota!
Sou de ti prisioneiro, mesmo que distante,
Posto que para sempre serei de ti um amante,
Tão necessariamente quanto  preciso do ar,
Tão apaixonadamente quanto quero te amar!


Santaroza














Chamego!



O vento agreste sopra a tarde com cheiro de flores,
O serrado esta florido, amarelo, colorido, perfumado,
Oh! Saudade de minha a amada, flor da tarde encantada,
Tomara volte a noite estralada, lua doce em céu azul,
Serenata de viola, água doce de cacimba, mel de fava,
Vestido rodado, blusa florida, dançando descalça na areia,
Oh! Saudade de tu meu chamego!


Santaroza



















Crer!



Por mais que as tormentas me toquem a alma,
Não me desassossegam,  nem me tiram a calma,
Creio em deus, nas alegrias e nas amarguras,
Insisto na felicidade, mesmo nas agruras!

Vezes há em que me dobro ante aos tormentos,
Vezes há em que duram horas, dias, esses momentos,
Depois vem o sol, vem a lua, depois vem as flores,
E por deus, passam, somem todas as minhas dores!

Embora sempre em falta, não sei porque ele me protege.
De alguma forma, por algum motivo ele me elege,
Talvez um dia, eu possa entender para poder explicar,
Ou talvez me baste apenas viver e acreditar!



Santaroza











Da-me!


São de léguas o tempo que tenho saudades, daria voltas infindas ao contorno de ti tantas são,
Passaria todo o tempo que me resta se te fora contar cada dia meu sem a presença tua,
Então antes que mais tempo se perca, da-me um beijo logo!


Santaroza





















De passagem!



Há uma tormenta fria e chorosa que acompanha estas noites de outono, que me deixa sem sono a escutar seus pingos.
É uma ladainha sofrida, de quem derruba lagrimas e suspira nos vento que a leva, como que a esperar o encontro com a lua. O contraste é a paz que se sente, quase palpável, a tingir as trevas com as cores de meus pensamentos, que como a chuva, vão caminhando rumo ao desconhecido, na busca de uma saudade derradeira que em mim também faz goteira.
As poças da chuva se acumulam, também as minhas em lembranças, naufraga meu peito em sonho só!


Santaroza














Desejo!



O encanto e o desejo me impulsionam rumo á tudo que me atrai. É uma corrente de maré quente que me arrasta, muitas vezes desviando-me de meu curso natural. Assim é que descubro muitos oásis, muitos espinhos, muitas rochas, e alguma água fria. Acho que isso é viver, crer na naturalidade de ser, buscar a simplicidade de viver e viver de acordo com o desejo e o impulso. No mais é filosofia, tese, recalque, vontades não realizadas, desejos abandonados, fuga. Quem não tem desejos não tem futuro, pois é do desejo encantado que surge a força que move a montanha, é do desejo que brota a esperança, porque desejar sem cobiça é o mesmo que querer sem fé.


Santaroza














Deserto!

 

 

Salgueiros soprados ao vento

Ao longo de águas tranqüilas

Saudades de terras distantes

Amores feito de areia...

Raras são as noites sem luar

Então o deserto vira mar
Há flautas por entre os arbustos
O sono só vem com muito custo...
Assim meus dias no Atacama
Sonho constante com tua cama
Paraíso que não guardei
Deserto em que me tornei!


Santaroza















É pra já!

 

 

As flores ressurgiram na estrada

Clareadas ao farol da madrugada
Tenho muita pressa para chegar
O carro parece já querer voar
E eu ainda tão distante...
Mas se fecho os olhos é um instante
Não importa se a lua é minguante
Meu pensamento aprendeu voar
Segue as estrelas contornando o mar
Meu coração chega antes a galopar...
Cento e vinte é a velocidade
Agora só paro em sua cidade
E mesmo assim só em seu portão
Pra te sentir de perto, peito e coração
Vou voando, estou chegando é pra já...



Santaroza











Enamorados!


Ouve o silencio que ha em minha voz,
Já muitos sonhos passaram por nós,
Certo que acertava, hoje sei que errei,
Já fui o teu príncipe, não consigo ser rei.
O tempo é implacável e corrosivo,
Estrelas se tornam brasas, abrasivo,
Embora viver seja improviso,
A tristeza nos toma sem aviso.
Corrigir implica em retornar,
Na verdade já cansei de remar,
Me falta paz, me falta ar,
Sobra tempestade, sobra mar.
Sei dos perigos que me rondam
Sei dos olhares que me sondam
Mas meu barco continua fundeado,
Até que voltem ventos enamorados!



Santaroza










Entre aspas!



Prefiro ser vaiado por mentes abertas,
A ser aplaudido por mentes estanques!
Prefiro não ter chance alguma contra a morte,
A ter toda possibilidade de uma vida inútil!
Prefiro ser a verdade de meus erros,
Aos erros de algumas verdades!
Prefiro ter opinião e estar redondamente enganado,
A viver de citações e me encontrar entre aspas!


Santaroza


















Escrevo!


Escrevo a galope,
Driblando as letras,
Moldando formas,
Compondo versos,
Na batida do coração,
Na cadencia do sangue,
No sopro da respiração,
Nos ditames da alma,
Na radiografia do olhar,
Busco um par,
Um elo, um alo,
Um fim, um inicio,
Uma tarde, um beijo,
Um canto, um abraço,
Então escrevo,
Na terra, no ar,
No papel e nas nuvens,
Nos sonhos, nos desejos,
Na vastidão de minh’alma!


Santaroza








Esse coração!



Meu coração não é vala comum,
Não é igual a nenhum,
Nasceu único e sem par,
É finito, tal qual o mar!

Toca praias e rochedos,
Vive pela vida sem medo,
Não pode ser aprisionado,
Apenas pode ser amado!

As vezes é destemperado,
Avança os limites marcados,
Fere-se com facilidade,
Mas vive a plena liberdade!

Mas não é vala comum,
Isso, de jeito nenhum,
E só será repartido,
Se for realmente querido!


Santaroza







Explicação!


Acho, não sei, que as coisas que mais me aproximam, do sentido daquilo que é Deus, são as obras plantadas por todo o universo.
Sei que para tudo o homem tenta uma explicação humana, cientifica, mas não há como negar que nem para tudo o homem tem explicação.
Eu por mim não preciso de explicações, para a coloração de uma rosa, para o perfume do jasmim, para o canto da do sabiá, para a algazarra dos periquitos.
Eu apenas me dou por satisfeito de ainda viver num mundo onde é possível sentir tudo isso, tocar isso, na maioria das vezes.
Fico imaginando quando só existir concreto e homens, uns olhando para o outro buscando explicação!


Santaroza













Fada és!


Toca-me o coração,
Com tua vara de condão,
Permita-me a felicidade,
Fada és de verdade!

Sou ave em vôo rasante,
Mintas vezes errante,
Apartado das alegrias,
Em sonhos, utopias!

Cansei das coerências,
Prefiro as inconseqüências,
Afinal nada há de errado,
Num peito apaixonado!

Mas toca-me com teu condão,
Estenda-me tua mão,
Arranca-me deste chão,
Seremos um só então!


Santaroza








Falta!

 

 

Perfumes de rosas

Cheiro de jasmim
Cações pelo vento
O dia todo assim
Dias de saudades
Suados e lentos
O peito em acalanto
A alma em repouso...
Que falta tu me fazes!
Busco-te por ai
Não te acho nem aqui
Sombras dessas nuvens
Sonhos que passaram
Dores que ficaram
E não se calam
Uivam, zombam
Riem de mim...
Que falta tu me fazes!



Santaroza








Fatal!


Sem palavras e sem poesia
Foi bom enquanto houve tempo
Ainda vivo das saudades
Meu mundo caminha lento
Palavras que eu selei
Que com beijos marquei

São tatuagens em mim

Vão para onde vou
São marcas que você deixou
A partir de um paraíso criado
De um sonho sonhado
De um desejo vivido
De uma vontade a dois
Não temos mais inicio
E em final
Somos um só elo
Fatal!


Santaroza










Fé!


Dos vales queimados de minha’lma sobem rodamoinhos de fumaça branca rumo a céu azul...
São o ardor de meu pranto que em forma de oração buscam no infinito o encontro de Deus...
Posto que transpassado fui pela flecha do destino, amarga e sem perdão...
Atingido fui, mas abatido nunca, posto que guardo minha fé não em mim...
Assim quando a alma se encontra am chamas, choro, e o pranto se põe em riso, pois lavadas são minhas dores!
Por isso talvez tenha eu mais dias de sorrir que dias de chorar, pois só eu sei onde guardo minha Fé!

Santaroza
















Foi!


Sinto em meu corpo a na alma, as emanações que de ti me sondam...
São ondas de calor, reflexos de luar que me abraçam e me deitam quieto...
Sinto do que sobrou de teu perfume, uma profusão de desejos calados...
São fases em que me torno lobo e vagueando pelas noites tenho as estrela por teto...
Uivar não mais adianta, já que todos os pássaros voaram pra o sul...
Restam então as rosas, que murchas estão, espalhadas por todas as estradas de meu corpo!



Santaroza














Fonte!

 

 

 

Sedento das fontes de teu corpo corro pela noite escura, tendo apenas teu perfume como parâmetro para alcançá-la, mesmo assim arriscando-me a amanhecer perdido e só, busco-te certo que estou, de que se ao menos conseguir vê-la terei encontrado a fonte da felicidade eterna!



Santaroza





















Hiato!


O orvalho já resvalava por teu corpo exposto ás primeiras estrela, teu semblante era um misto de paz e distância, teus olhos tinham as mesmas cores do céu e das flores, tua respiração era num ritmo lento, suave, tua boca entreaberta tinha a cor de rosa, teu perfume se misturava aos de laranjeira, tuas mão suaves e finas seguravam a grama  macia em que te deitavas, nenhum pano te tocava, estavas entre a terra e céu, num hiato de tempo que se chama amor!


Santaroza


















Hoje!


Hoje me encontro sem falas e as letras não me chegam, talvez por causa de meu estado de alma, que em descompasso com meu coração teima em estar só!
Assim, sem as letras que me fazem poeta, curvo-me a minha insignificância de olhos fixos no horizonte no aguardo de que alguma estrela traga-me uma inspiração nova!


Santaroza




















Jasmim!



Não há mais gerânios na janela,
Murcharam todos de saudades dela,
As mesmas que me tomam de assalto,
Lavas que me queimam, em basalto!

A quando então, a noite chega em lua cheia,
Meu peito arde, a vista molha é uma peleia,
Mesmo de longe ainda moras, dentro, em mim,
Ainda sinto tua presença em noite assim!

A rede chama balançando na varanda,
Estrelas correm em brincadeira de ciranda,
O vento sopra, mas já não traz o teu perfume,
Lágrimas rolam embalando meu queixume!

Fazer o que se o destino quis assim,
Ponto final. Mas esse amor não teve um fim,
Pois esta claro, que como brasa vive em mim,
Foram-se os gerânios, mas ainda tenho o jasmim!


Santaroza







Katana!

 

 

Meu sabre se encontra embainhado

Das lutas se encontra cansado
Agora só esperamos o amor
Seja lá pra quando for!
Andamos por flores de cerejeira
Passamos pelos espinhos da roseira
Participamos de todas as guerras
Espiamos por todas as terras!
Hoje a paz reina em nosso peito
Queremos o amor por nosso leito
Como garoa de fim de tarde
Amor, doce que sara e arde!

Santaroza
















Marilia.

 

 

Lua! Olha fundo em minha alma,

Da-me de beber tua calma,
Que estou farto das tempestades,
E encharcado de saudades!

Lua! Toma-me pela mão tua,
Desveste-me a alma, deixa nua,
Para me libertar dessa paixão,
Estopim de mim, coração!

Lua! Aproveita o véu da noite,
Despeja em mim feito açoite,
Flechas de tua prata,
Antes que a paixão me mata!

Lua! Só me ouve mais um segundo,
Agora sós, somos nos dois no mundo,
Ta a girar andarilha,
Eu a procurar por Marilia!



Santaroza







Me fazes!



Baixei meu escudo,
Depus minha espada,
Ferido da guerra,
Me ponho por terra.
Procuro teus braços,
Teus olhos de sol,
Procuro teu colo,
Eis ai o meu solo.
Me lavas a alma,
Com beijos de sal,
Descansa meu peito,
Me põe em teu leito.
És meu oásis,
No deserto da vida,
Aqui não serei,
Pois aqui eu sou rei!


Santaroza










Meu prazer

 

 

Nas horas mais clandestinas

Saio de esquinas em esquinas
Em cada canto de minha alma
Sem mesmo nenhuma calma
Á procura da volta de teu amor
Para isso engulo e driblo a dor
Te quero antes do raiar da aurora
A noite é curta e minh’alma chora
Lobo que sou sem destino
Me vejo assim sem atino
Como um infante, um menino
Coração aos pulos qual sino
Rosa que és de meu amor
Deixaste o espinho levaste a flor
Mas teu perfume me empreguina
Sei, tu es minha prova e sina
Então buscar-te é minha constante
Por isso vivo daqui prali  errante
Pois só me sinto em paz em teu colo
Tu sabes! És meu prazer e meu solo!



Santaroza







Minha face!


Em minha face trago muitas faces, obra e escultura do tempo passante...
Algumas delas inda caminham comigo nos dias de hoje, mesmo depois...
São as da felicidade, as únicas que me permito lembrar e guardar...
Mesmo assim, creio que não seja essa a face que definira meu legado...
Pois a face que mais luto hoje para prevalecer é a face do poeta...
Que essa fique, que as demais passarão com o cavalgar das horas sós!


Santaroza














Mutante.

Na verdade sou mutante,
Hoje quiçá, melhor que antes,
Sou um crente, duvidante,
Sou a constância errante!

Tenho amarras que me prendem,
Tenho senhores que me vendem,
Porem tenho asas para voar,
E muitos sonhos para sonhar!

Suponho sempre que sei meu destino,
Minha cabeça inda é a mesma de menino,
Vivo cada momento de alegria ou de dor,
Não me importa! O que me move é o amor!

Sou despretensioso por natureza,
Só guardo em mim o que é de beleza,
Não sou um mar de castidade e pureza,
Mas sou o reflexo de minha certeza!

Por isso sou um eterno mutante,
Mudar é um acertar constante,
Viver só da letargia,
Para mim seria castrar a poesia!


Santaroza




Nada!



Assim que a chuva parar,
Roubarei aquela flor,
Me porei de novo ao mar,
E te levarei meu amor!
Acenda as velas, ponha a mesa,
Haverá noite no céu,
E seras a sobremesa,
Meu doce banquete de mel!
Amar é mais que estar,
É querer ter,
Nem que eu tenha que voar,
Eu vou contigo ser!
De mim levo apenas eu,
Pois a ti quero me dar,
Em ti não terás nada meu,
Nada, além de te amar!



Santaroza









Paralelas!


Não tente mudar-me...
Sou como o vento que passa sem destino...
Não tente mudar-me...
Pois se assim for serei uma cópia tua...
Não tente mudar-me...
Em novo eu posso não me adaptar...
Tente compreender-me...
Aceite-me assim, como sou, sem margens...
Tente compreender-me...
Sou como criança, posso ser levado pela mão...
Tente compreender-me...
Afinal o amor iguala as gentes...
Somos diferentes para nos encaixarmos...
Se perdermos isso seremos paralelas!


Santaroza













Pedaço!


Eu sou feito do barro da terra,
Moldado nos sopro do vento,
Gosto do cheiro da relva,
Não temo a chuva que vem,
Sou parte de cada torrão!
Meu coração é alado,
Não perco tempo em chorar,
Pois creio mais no amor,
Não tenho destino certo,
Alem do dia de hoje!

Santaroza


















Perdidamente!


Trovões partem-me ao meio,
Quero teu colo, quero teu seio,
Sou negação sem teu amor,
Senhora és meu senhor!
Sabes me tomar e ter,
Sabes me domar e ser,
Da-me  de beber da fonte,
Conheço-te os montes!
Sou assim a parte menor,
Porque tu és a parte melhor,
És o mar e eu a areia,
Todo envolto em tua teia!


Santaroza















Refletindo sobre...



A morte não faz parte de nosso cotidiano, apesar de banalizada pela mídia em geral.
A morte é particular, tanto para quem morre e muito mais para quem fica.
A morte é um momento único, quem morre nunca mais morrera, e quem fica nunca mais o verá.
A morte não deve ser entendida, deve ser aceita com resignação, de acordo com a fé.
Alias morte e fé têem um condimento em comum, ambas são aceitas incondicionalmente, posto que sem provas.
A morte é passagem, é redenção, é ressurreição, é reencarnação, em fim é algo que não se explica.
A morte não para o tempo, nem para quem vai, nem para quem fica; quem vai fica nas lembranças, quem fica não pode ir ainda.



Santaroza










Rima!


Em revoada parto, pois já se faz tarde...
Mesmo que ontem tenha soprado ventos de amor...
Hoje os que me levam já são de saudades...
Parto antes que crie raízes e queira frutificar...
Embora sejam os pastos verdes e a água doce...
Outras terras inda não vi, embora já as tenha sonhado...
Por isso parto, sem adeus ou despedida...
Simplesmente sigo a rota  rumo á rima!

Santaroza




















Sara!

 

 

 

O vento da tarde me toma de abraço

Me sara as feridas me lava o cansaço
Logo é noite e tenho encontro marcado
Eu a saudade e um peito murchado!

Á noite teus olhos tem jeito de lua
Loba molhada que se veste de nua
Lembro-me agora dessas fazes tuas
Mastigou-me de amor como carnes cruas!

Se foi, e agora, fiquei eu e o desejo
Com sede, com fome do sabor de teu beijo
Não adianta gritar, nem tão pouco chorar
É na noite e no vento que te espero chegar!



Santaroza











Saudade!

Quando a morte nos toca seu abraço é apertado, é um nó enforcado, faz doer, faz sofrer, range, estala, e não se cala, não da folga, aperta, afoga, amarga, amarra, dói...
Não se encontra explicação, é um mar de solidão, é um éco no deserto, não importa quem ta perto, é frustração, é descontinuação, parada obrigatória, luta inglória...
Pôxa e eu tinha tanta fé, fiz um calvário a pé, senti o cântico das almas, passei por vales escuros, não encontrei mais o sol, mas na hora certa veio o dia e depois mais uma noite e eu sem nenhuma poesia...
Passou e passara, como passaram as outras, ficam apenas as lembranças, espinhos de um dia triste que acendeu e escureceu, como o fogo ao vento soprado, assim espero, assim quero, posto ser minha alma maior, e minha fé imutável!

Santaroza














Todos são amores!

 

 

Amor assim de praia

Amor assim de saia
Amor em um repente
Amor já sem corrente
Amor de vagarinho
Amor só de carinho
Amor de um olhar
Amor de se molhar
Amor que dói no peito
Amor que não quer leito
Amor por devoção
Amor só de paixão
Amor cumplicidade
Amor felicidade
Amor de mão na mão
Amor de coração
Amor de desejar
Amor de lambuzar
Amor de qualquer jeito
Amor de nosso jeito!


Santaroza







Tu poema!



Não há mais estrofes para que eu te componha,
São tanto os meus desejos que tu nem sonhas,
A poesia fica pequena pra descrever tanto amor,
Por mais que se esforcem as letras, nuca serão flor!

Teu olhar me penetra feito flecha de cupido,
Neste instante sou cristal, refratado e partido,
Perco o rumo, o caminho, o prumo e a direção,
Alcanças a minha alma e me deixas sem noção!

Assim sou prisioneiro atrelado a teus desejos,
Se me queres sou feliz e me perco em teus beijos,
Porem se não me queres sou poema que divaga,
Sou verso que se perde e rima que naufraga!


Santaroza












Um causo.

 

 

Parei um cadim

Nessa curva do camim
Pra sinti o chero da rosa
Eita que fulô formosa!

Vermeia feito sangue de gente
I u prefume intão que contente
Inté nem da mais vontade de i
Si pudesse morava aqui!

Que pena que num dá
Mas te prometo rosa; vô vorta
Gosto de vê ocê ancim
Parece que se rindo pramim!


Santaroza













Uma janela!


Não procuro um sentido para minha vida, busco a realização de meus sonhos.
Também não os persigo como um caçador de borboletas, eu os construo com as mãos.
O destino me deu um livro em branco, apenas colocou data de inicio, o fim é comigo.
Diante disso, só me resta escrever uma história, da qual sou  autor e personagem principal.
Se ao final ela vai ter um epílogo feliz, vai depender de minhas pinceladas agora!
No mais, a vida esta á minha frente para ser vivida, aberta como uma janela para o mar!


Santaroza















Vozes do amor!

 

 

 

Vozes enevoadas me chegam do passado,

Mistas, tintas, vagas de écos cansados,
São vozes empoeiradas que foram risos,
Hoje não são mais que pequenos frisos,
Que dividem meus dias como fazes de lua,
Me ferindo de morte de saudades tuas,
Sopros de cinzas sopradas ao vento,
Passos de um poema que caminha lento,
Acordes de uma canção que ficou na mente,
Pólen que se espalhou em mim feito semente,
Frações de um sentimento que  ainda se sente,
Calo a voz, pois sei, meu coração não mente!


Santaroza

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